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CNBB repudia saída do Brasil do acordo antiaborto

Em nota divulgada esta semana, entidade criticou revogação de portaria, pelo governo federal, que dificultava acesso ao chamado “aborto legal”. Alguns médicos veem medida como necessária

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota pública de repudio em razão da saída do Brasil da Confederação de Genebra, um acordo antiaborto liderado pelos ex-presidentes americano Donald Trump e brasileiro Jair Bolsonaro. Na mesma nota, a entidade critica também a revogação, pelo governo Lula, da portaria que dificultava o acesso ao aborto legal.
Segundo a nota divulgada pela CNBB, “qualquer atentado contra a vida é também uma agressão ao Estado Democrático de Direito e configura ataques à dignidade e ao bem-estar social.”. O presidente da Comissão para a Vida e a Família, Dom Ricardo Hoepers, classifica como “perigosas” as atitudes tomadas pelo governo nos últimos dias, pois enxerga que tais medidas podem promover uma “cultura pró-aborto”.
Dom Ricardo Hoepers afirma que a CNBB prima por defender a vida, a cultura da vida, de maneira integral, em todas as suas etapas. “Mas, neste início, onde a vida é tão vulnerável, acreditamos ser possível – em pleno diálogo com as políticas públicas – uma promoção integral da mãe e da criança”.
A saída do Brasil da Declaração do Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e Fortalecimento da Família ocorreu na terça-feira , 17 de janeiro. Já a revogação da portaria que dificultava o acesso ao aborto legal foi anunciada na segunda-feira, 16 de janeiro.
Para o ginecologista e obstetra do Hospital Anchieta Caio Couto Gonçalves, a saída do país do Consenso de Genebra é um avanço para as mulheres que têm direito ao procedimento de acordo com a Constituição. O aborto no Brasil pode ser realizado em casos de estupro, anencefalia fetal e gravidez de risco à vida da gestante.
O medico obstetra analisa que pacientes vítimas de estupro, por exemplo, que têm esse direito de realizar um abortamento legal, seguro, elas têm condições psíquicas e emocionais completamente abaladas e elas merecem acolhimento, e não burocracia, medo de exposição, medo de investigação policial.
Outros especialistas ginecologistas e obstetras, defendem que a dificuldade imposta pela portaria divulgada tornava as situações de aborto legal, permitido em lei, ainda mais desgastantes para a equipe médica e, principalmente, para as pacientes. Segundo esses profissionais, a saída não significa legalização do aborto de uma maneira global, apenas garante o direito que já previamente existia em lei. Eles argumentam que os desafios na realização do aborto legal para paciente e para equipe médica, trata-se de um tema polêmico que envolve diferentes opiniões relacionadas a diferentes crenças.
Acordo Antiaborto e o Ministério da Saúde
Em nota , o Ministério da Saúde afirma, sobre a saída do país do acordo antiaborto, que “o referido documento contém entendimento limitativo dos direitos sexuais e reprodutivos e do conceito de família e pode comprometer a plena implementação da legislação nacional sobre a matéria, incluídos os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Ainda em nota conjunta com o Ministério das Relações Exteriores, Ministério das Mulheres e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Ministério da Saúde diz que “reitera o firme compromisso de promover a garantia efetiva e abrangente da saúde da mulher, em linha com o que dispõem a legislação nacional e as políticas sanitárias em vigor sobre essa temática, bem como o pleno respeito às diferentes configurações familiares”.
Fonte: Ministério das Relações Exteriores, Ministério das Mulheres e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Ministério da Saúde

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