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Trento: quem está por trás da marca gaúcha que disputa espaço com as gigantes do chocolate

Com quase 70 anos de história, a Peccin começou produzindo balas, chicletes e pirulitos em Erechim (RS), mas foi com os ‘tubinhos de chocolate’ que a empresa conseguiu chamar a atenção do consumidor brasileiro

Uma pequena fabricante de doces do interior do Rio Grande do Sul está dominando uma área muito específica dos supermercados: a ala bem do lado das gôndolas, onde tradicionalmente as empresas de chocolates se posicionam para que o consumidor caia na “tentação” e leve um docinho antes de passar no caixa. Com seus tubinhos de wafer e chocolate ao leite, a Trento passou a incomodar gigantes do setor, como Hershey’s, Lacta e Ferrero.
Apesar de a marca ter ganhado tração nos últimos anos com a venda de produtos à base de cacau, a empresa que produz os chocolates, Peccin, já está no setor há quase 70 anos.
Virada de chave por necessidade
Criada em 1956, a companhia familiar passou mais de meio século produzindo balas, pirulitos e chicletes com foco na exportação para cerca de 50 países. A mudança nessa receita que deu certo por tanto tempo veio durante um período de desvalorização da moeda americana ante o real, em 2010. Foi nessa época que a fabricante gaúcha decidiu que era preciso reduzir a sua dependência do negócio aos produtos à base de açúcar – na época, com o dólar abaixo de R$ 2, a empresa viu sua receita cair 20%.
Os chocolates vieram para virar esse jogo.
A migração de doces mais baratos para o chocolate deu um empurrão no faturamento da companhia, que cresce 30% ao ano, em média. Segundo o balanço da companhia de 2020, a receita anual está em cerca de R$ 280 milhões. Hoje, as vendas da marca Trento já representam dois terços do movimento da Peccin, cuja fábrica fica em Erechim, a 370 km de Porto Alegre. A companhia agora quer aumentar a produção e tem uma meta ousada: triplicar de tamanho em cinco anos.
Diante do êxito dos chocolates da Trento, a Peccin investiu R$ 100 milhões na construção de uma nova fábrica de 15 mil metros quadrados. Para os próximos cinco anos o plano é investir mais R$ 150 milhões na produção, diz o presidente da empresa. Depois de depender por muito tempo das redes sociais e de ações de marketing mais baratas para tornar seu produto mais conhecido, a companhia agora flerta com voos mais altos, como a possibilidade de uma campanha em TV aberta para todo o País.
Para lançar a primeira linha de Trento, da tradicional embalagem vermelha, a empresa investiu R$ 10 milhões, que custearam o desenvolvimento do produto e a compra de maquinário para a produção. Durante os três primeiros anos, a companhia operou em prejuízo, mesmo com o crescimento de vendas dos chocolates.
Distribuição em expansão
Com mais tempo em casa, por causa do período de isolamento, a população mundial aumentou o consumo de chocolates. Neste cenário, uma das mudanças feitas pela Peccin para abocanhar esse novo mercado foi expandir seus canais de distribuição. Agora, além da venda no varejo, o produto pode ser comprado também no site da Peccin. As vendas do produto cresceram 44% em 2021.
De acordo com o executivo, a expectativa da companhia é de aumentar pontos de distribuição – hoje, são 8 mil pontos de venda em todo o Brasil.
Na avaliação do professor de varejo da FGV, Ulysses Reis, entre os fatores que ajudam no crescimento da marca está justamente na diversificação do seu processo de distribuição, sem tirar o foco da competitividade de preço.
Concorrentes
Para Cristina Souza, presidente da consultoria Gouvêa Foodservice, a competitividade dos chocolates Trento se dá por causa da união de um produto de bom custo-benefício, em comparação aos principais concorrentes, e segundo Cristina, uma nova marca incomoda os grandes porque reduz a fatia de mercado deles – algo que nenhuma empresa quer.
Ainda de acordo com Cristina, apesar de o produto ter uma quantidade maior de cacau na sua composição em relação aos seus concorrentes, a marca não tem utilizado esse diferencial para se destacar. A especialista lembra que no mercado premium de chocolates, em lojas como Dengo, Cacau Show e Kopenhagen, a quantidade de cacau presente no produto é a primeira informação utilizada para atrair o público.
Fonte: Valor Econômico

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