ConectCar, Veloe e Greenpass fazem parcerias para oferecer serviço similar ao do Sem Parar com descontos
A Sem Parar, líder do setor de tags de pedágios, reina há mais de uma década nesse mercado , – do qual detém pelo menos 80% e agora a empresa se vê ameaçada pelo modelo de negócios da concorrência.
A ConectCar, Veloe e Greenpass estão formando parcerias para oferecer gratuitamente o que na Sem Parar custa a partir de R$ 20 por mês. Isso pode mudar o jogo do setor.
Atualmente, o país tem cerca de 8 milhões de motoristas com tags, enquanto a frota total é de 46 milhões de veículos. Ou seja, menos de 20% dos carros possuem o serviço. O novo modelo proposto pelas empresas concorrentes do Sem Parar é de renunciar à margem em troca de aumento da escala, com a entrada de novos clientes.
A ConectCar, por exemplo, chamou a atenção quando anunciou que todos os 20 milhões de clientes do Itaú passariam, se quisessem, a ter acesso à tag como um serviço gratuito. O Itaú é o principal acionista da ConectCar, com a Porto Seguro. Além do banco, a empresa tem parcerias do mesmo estilo com a seguradora e com a Localiza.
“Se a empresa chegar ao mercado 15 anos depois do principal concorrente e fizer a mesma coisa, nunca chegará lá. Felix Cardamone, presidente da ConectCar defende que o atual modelo de negócios bateu no teto.
Já a Veloe, que pertence à Alelo (parceria entre Banco do Brasil e Bradesco), criou parcerias similares com seus bancos controladores e anunciou outra com o BTG Pactual.
Mas a empresa que ajudou a intensificar esse movimento de parcerias é a Greenpass. A empresa funciona no modelo White label, fornecendo tecnologia a empresas como C6, Sicredi, Ticket e Banco Inter, que vendem o produto como se fossem delas.
Criada em 2019, a empresa tem 600 mil usuários ativos. Segundo João Cumerlato, fundador e presidente da Greenpass, esse movimento de parcerias é um caminho sem volta, pois a tag vai ser commodity e se tornará parte de um portfólio de serviços.
Reação da líder
A Sem Parar está prestes a alcançar 6 milhões de clientes. Carlos Gazaffi, presidente da empresa, vê com naturalidade o surgimento de novos entrantes e afirma que não vai mudar sua estratégia. O objetivo agora é oferecer diferenciais para seus clientes, como a possibilidade de uso das tags em restaurantes como o Habib’s e o McDonald’s. Além disso, a empresa está indo atrás de montadoras para que seus adesivos já saiam da fábrica colados nos carros.
A Sem Parar também tem apostado, assim como outras rivais, no serviço de assistência técnica para carros mais antigos. Ela anunciou um programa de cashback que dá 2% do dinheiro de volta para quem abastece o carro acima de R$ 100 em postos conveniados utilizando o Sem Parar.
Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper, a concorrência é natural, e o potencial para esse mercado é alto. “Podemos fazer uma analogia com bancos e maquininhas de cartão: olha quantas surgiram”. E o efeito pode ser feroz. Nas maquininhas, a Cielo, que chegou a ter 70% do setor, hoje domina menos de 40%. “O mercado está se reinventando, e a Sem Parar tem vários desafios pela frente. Esse setor é um tipo de mercado que pode se tornar obsoleto em função de novas tecnologias e modelos de negócio”, diz Marcelo .