Sidney Poitier Morre aos 94 Anos

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Sidney Poitier Morre aos 94 Anos

Ator Sidney Poitier - grande legado para história do cinema Foto: Agencia Reuters

Ele foi o primeiro negro a receber o Oscar de melhor Ator. Dentre suas atuações, os filmes “Ao Mestre com Carinho” e “ Adivinhe Quem Vem para o Jantar”, lançaram o ator para a eternidade

Sidney Poitier foi ator, diretor, autor e diplomata bahamense estadunidense. Poitier cresceu em Cat Island, nas Bahamas. Em 1964, foi agraciado tanto com o Oscar quanto com o Globo de Ouro de melhor ator pelo seu desempenho em Lilies of the Field. Em 1982, recebeu o Prémio Cecil B. DeMille.

Ele nasceu em 20 de fevereiro de 1927, em Miami, Flórida, EUA. Poitier era membro da Excelentíssima Ordem do Império Britânico (Most Excellent Order of the British Empire) e um dos gigantes do cinema no século XX. A causa mortis não foi informada.

Os filmes de Poitier lutaram para serem distribuídos no Sul dos EUA, e sua escolha de papéis se limitou ao que os estúdios dirigidos por brancos produziriam. Os tabus raciais, por exemplo, o excluíam da maioria dos papéis românticos.

Como um jovem ator, ele superou enormes desafios

O caçula de sete filhos, Sidney Poitier nasceu prematuro de vários meses e tão pequeno que cabia nas mãos de seu pai. Seus pais eram produtores de tomate que frequentemente faziam viagens entre a Flórida e as Bahamas. Ele não tinha expectativas de sobreviver. Sua mãe consultou uma quiromante, que acalmou seus temores, afirmando que ele seria “um rei”.

Aos 15 anos ele foi para Bahamas morar com um irmão mais velho. Poitier não gostava de Miami e logo seguiu para Nova York, onde tentou atuar. Não foi bem no início. Com escolaridade limitada, ele teve problemas para ler um roteiro. Trabalhou como lavador e prato e foi messe emprego que sua vida mudou. Sua dedicação à leitura e com ajuda de amigos, ele chegou ao American Negro Theatre, onde teve aulas de atuação, suavizou seu sotaque das Bahamas e conseguiu um papel no palco como substituto de Harry Belafonte. Isso levou a papéis na Broadway e chamou atenção de Hollywood.

O primeiro filme de Poitier foi “O Ódio É Cego”, de 1950, um filme noir no qual interpretou um jovem médico que tratava um paciente racista. Posteriormente atuou como um reverendo no drama do apartheid “Os Deserdados”, um estudante problemático em “Sementes de Violência” e um prisioneiro fugitivo em “Acorrentados”, no qual ele e Tony Curtis foram algemados e forçado a conviver para sobreviver. Com aquele filme de 1958, Poitier se tornou o primeiro negro a ser indicado ao Oscar.

No final dos anos 1950, Poitier estava conseguindo trabalhos regularmente como ator. Ele apareceu na primeira produção da Broadway da peça “A Raisin in the Sun” em 1959 e estrelou a versão cinematográfica dois anos depois. Depois veio “Uma Voz na Sombras”, o épico bíblico “A Maior História de Todos os Tempos” e o drama “Quando Só o Coração Vê”.

Poitier também começou a abraçar o movimento pelos direitos civis. Ele compareceu à marcha de 1963 em Washington e em 1964 viajou ao Mississippi para se encontrar com ativistas nos dias que se seguiram ao infame assassinato de três jovens trabalhadores dos direitos civis.

Um ano como nenhum outro

Em 1967, Poitier estrelou três filmes de alto perfil, começando com “Ao Mestre com Carinho”, um drama britânico sobre um professor idealista que deve conquistar adolescentes rebeldes em uma difícil escola do leste de Londres.

Em seguida, foi “No Calor da Noite”, de Norman Jewison, que deu a Poitier seu papel mais duradouro. Ele interpretou Virgil Tibbs, um detetive de homicídios. O filme deu a Poitier sua frase mais famosa – “Eles me chamam de Senhor Tibbs!” – um grito indignado por respeito depois de uma afronta humilhante do personagem de Steiger.

Poitier seguiu esse filme com “Adivinhe Quem Vem para Jantar”, de Stanley Kramer, outro filme com mensagem sobre tolerância racial. O filme foi lançado apenas seis meses depois que a Suprema Corte tornou o casamento entre pessoas de diferentes raças legal em todos os 50 estados.

Na década de 1970, Poitier voltou-se para a direção. Ele se juntou a seu amigo Belafonte para o faroeste “Um por Deus, Outro pelo Diabo”, e marcou sua estreia como diretor. Ele dirigiu e co-estrelou com Bill Cosby na comédia “Aconteceu num Sábado”, que, junto com suas sequências espirituais “Aconteceu Outra Vez” e “A Piece of the Action”, contou com elencos principalmente de negros.

Em 1980, dirigiu “Loucos de Dar Nó”, a comédia de fuga da prisão de Richard Pryor-Gene Wilder. Poitier continuou a aparecer na tela esporadicamente na década de 1990, principalmente com Tom Berenger no thriller de ação de 1988 “Atirando para Matar”, com Robert Redford no filme de trapaça de 1992 “Quebra de Sigilo” e com Bruce Willis e Richard Gere em “O Chacal”, de 1997, seu último papel no cinema.

Ele se voltou para a televisão, onde foi indicado ao Emmy por interpretar o juiz da Suprema Corte dos EUA, Thurgood Marshall, e o líder sul-africano Nelson Mandela em duas minisséries.

Em 2000, Poitier se aposentou da atuação, preferindo jogar golfe e escrever um livro de memórias, “A Medida de um Homem: Uma Autobiografia Espiritual”, em que ele descreveu sua tentativa de viver de acordo com os princípios incutidos nele por seu pai e outros ele admirava.

Em seus últimos anos, quando Hollywood procurou reconhecer um homem cujo exemplo abriu portas para tantos outros atores negros, os elogios sobraram. Em 2001, Poitier recebeu Oscar honorário por sua contribuição geral para o cinema americano. No ano seguinte, ao receber seu Oscar de melhor ator por “Dia de Treinamento”. Em 2009, o presidente Obama concedeu a Poitier a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior homenagem civil do país.

A Film Society of Lincoln Center concedeu seu maior prêmio a Poitier em 2011. Entre os palestrantes que o elogiaram estava o cineasta Quentin Tarantino.

“Há um tempo antes de sua chegada, e há um tempo depois de sua chegada. E depois de sua chegada, nada mais será o mesmo. No que diz respeito aos filmes, existia o pré-Poitier, e existe a Hollywood pós-Poitier.”

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