Pessoas com 60 anos ou mais podem ocupar mercado de trabalho

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Pessoas com 60 anos ou mais podem ocupar mercado de trabalho

Profissionais com 60 anos ou mais voltam ao mercado de trabalho

Especialistas analisam como saudável a disposição em se manter ativo no mercado de trabalho, na chamada terceira idade mas alertam para cuidados específicos que essa fase da vida exige .

O filme ‘Um Senhor Estagiário’, traz as estrelas do cinema Robert De Niro e Anne Hathaway como protagonistas e  esta produção já relatava no ano de seu lançamento (2015) os sabores e dissabores de se chegar à terceira idade sem uma atividade profissional e com uma bagagem gigante que ainda poderia ser muito utilizada. A trama aborda o desafio de se ter um novo emprego na terceira idade.

Deixando a telona de lado e focando na realidade, na atualidade é possível observarmos que milhares de brasileiros que iniciam sua nova fase de vida, a chamada Terceira Idade, que ao que tudo indica inicia aos 60 anos também passam por movimentos parecidos a do personagem Ben. Segundo dados mais atualizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com 60 anos ou mais ocupam uma parcela pequena da população ativa no mercado, entretanto os números estão em uma crescente, saindo dos 5,9% em 2012 para 7,2% em 2018, o que representa algo em torno de 7,5 milhões de brasileiros idosos na força de trabalho do país. Esses dados de 2020 para cá também estão se modificando , apontando que pessoas com 60 anos ou mais podem permanecer ativas.

“Empresas mais atentas estão se dando conta que a diversidade de gerações dentro em uma companhia é algo saudável e gera maior produtividade. Nossos idosos hoje são das gerações baby boomer e X. São pessoas, que no geral, têm mais disciplinas, são regradas e se sentem úteis ao passar seus conhecimentos e experiências. Se este entendimento for captado pelas corporações, certamente a empresa terá bons resultados, destinando parte de suas vagas para profissionais da terceira idade”, avalia a psicóloga e professora Jocely Burda.

Segundo a psicóloga, ”ainda temos uma sociedade um tanto preconceituosa em relação a terceira idade, por, limitadamente, achar que pessoas nesta faixa etária são mais lentas, menos ligadas à tecnologia ou por não fazer muitas atividades ao mesmo tempo, desconsiderando a valiosa experiência de vida que esses idosos possuem. Cabe as empresas quebrarem essa barreira e extrair o que há de melhor dentro das gerações.  Se dispostas, precisam entender como melhor acolher essas pessoas bem como preparar o ambiente para que o local possa ser acessível as pessoas da terceira idade”, lembra ela.

O Estatuto do Idoso, que no próximo dia 1º de outubro completou 18 anos, trata dos direitos dos idosos, incluindo aqueles relativos a trabalho e renda. Não é preciso encarar o documento como algo punitivo, mas sim como uma lei de orientação que permite valorizar o ser humano. “Respeitar essas regras não é somente fundamental pelo respeito as pessoas idosas, mas é também uma forma de preparar nosso próprio caminho, que converge para uma vida após os 60 anos”, afirma Jocely .

Saúde em dia

Para a médica e coordenadora de pós-graduação em Geriatria, Dra. Menila Barbosa, ter uma vida profissional ativa após os 60 anos é algo benéfico. Porém, a pessoa precisa também ter a consciência de que o seu pique e ritmo não são mais nos patamares os quais quando ele tinha seus 30 ou 40 anos. “Para que a profissão esteja alinhada à qualidade de vida é preciso uma rotina desacelerada, visando utilizar o máximo de sua experiência para a resolução das demandas. Nada de jornadas longas, exaustivas e sem folgas”, diz a geriatra.

Sabe-se ainda que na sociedade contemporânea muitos idosos são os provedores das famílias brasileiras. Logo, trabalhar acaba não sendo uma opção, mas sim uma necessidade efetiva para que se possa manter a renda familiar.

Vale destacar que é preciso ter espaço na agenda para a realização de refeições saudáveis, exercícios físicos de rotina, lazer com a família e amigos e um tempo para si. Hoje, essas moedas são extremamente caras para a geração que se encontra no mercado de trabalho. “O Idoso que está na ativa, por necessidade ou por opção, deve buscar fugir dessa correria, senão o efeito pode ser contrário e menos benéfico devido a uma demanda exaustiva”, explica a geriatra completando ainda, que “Exames de rotina e consultas ao médico não podem sair da agenda por eventuais desculpas de uma agenda apertada devido ao trabalho”.

Já a psicóloga Jocely Burda faz um alerta com relação à socialização necessária nesta idade. “É saudável a pessoa manter o seu relacionamento com amigos, parentes e comunidade. Isso faz a pessoa se sentir mais feliz, incita o compartilhamento de  ideias e auxilia manter uma mente saudável. A rotina de um trabalho na terceira idade não pode comprometer essa convivência. Por isso é necessário sempre colocar na balança e buscar o equilíbrio”, ressalta.

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