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Ministra da Igualdade Racial afirma que “Brasil do Futuro” precisa responder dívidas do passado

Posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil


Anielle Franco assumiu nesta semana o Ministério da Igualdade Racial


A jornalista, professora e ativista Anielle Franco assumiu o cargo de ministra da Igualdade Racial na quarta-feira, 11, no Palácio do Planalto, em Brasília, em solenidade que também marcou a chegada de Sônia Guajajara à frente do Ministério dos Povos Indígenas.
Anielle Franco chamou a atenção para a necessidade de fortalecer políticas de reparação da dívida histórica do país com o povo negro. Ela fez um discurso longo, entretanto pontual acerca das marcas do racismo na sociedade brasileira. “Não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade”, afirmou a ativista.
Apesar de a maioria da população brasileira se autodeclarar negra, Anielle Franco disse que é possível observar que os brancos ocupam a maior parte dos cargos gerenciais, dos empregos formais e dos cargos eletivos. Ela acrescentando ainda que a população negra está no topo dos índices de desemprego, subemprego e de ocupações informais, além de receber os menores salários.
A nova ministra cobrou o envolvimento dos não negros na superação das desigualdades. Segundo Aniele, o “O Brasil do Futuro” precisa responder às dívidas do passado. “E é por isso que em um governo de reconstrução nós gostaríamos também de falar com os nãos negros. O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial é um dever de todos nós”, afirmou.
Propostas
A ministra da Igualdade Racial disse que, nos próximos quatro anos, trabalhará para fortalecer a Lei de Cotas e ampliar a presença de jovens negros e pobres nas universidades públicas. Salientou também que buscará aumentar a visibilidade e a presença de servidores negros e negras em cargos de tomada de decisão da administração pública. Ela adiantou que a pasta ainda deve relançar o plano “Juventude Negra Viva”, que promoverá ações que visem à redução da letalidade contra a juventude negra brasileira e a ampliação de oportunidades para jovens brasileiros.
Na oportunidade, Anielle Franco mencionou o fortalecimento da política nacional de saúde integral da população negra, e a necessidade garantir direitos de comunidades quilombolas e ciganas.
As cerimônias de pose de cargos de Anielle Franco e Sônia Guajajara, que seriam realizadas separadamente, tiveram que ser remarcadas em uma só solenidade após os atos golpistas do domingo, oito, quando foram destruídos os interiores dos prédios da República, incluindo a depredação do Palácio do Planalto.
Desta vez, a assunção ministerial contou com a presença do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não acompanhou as de outros auxiliares a longo da semana passada. Ele estava acompanhado da esposa, Janja da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros.
Perfil
Anielle Francisco da Silva, nascida no Rio de Janeiro, em três de maio de 1985), mais conhecida como Anielle Franco, é professora, jornalista e ativista brasileira, é diretora do Instituto Marielle Franco e colunista do Ecoa UOL, e ministra da Igualdade Racial do Brasil, exercício 2023-2026. Vale destacar que Anielle é irmã de Marille Franco, vereadora e ativista.
Anielle foi jogadora de vôlei profissional. Começou a jogar aos oito anos. Aos 16, ganhou uma bolsa para estudar nos Estados Unidos, onde viveu durante doze anos, podendo assim dar continuidade aos seus estudos graças a bolsas esportivas. Lá, ela frequentou diversas escolas como a Navarro College, em Corisca-a, no Texas, na Louisiana Tech University, na North Carolina Central University, e a Florida A&M University. Sendo essas duas últimas instituições historicamente negras, Anielle foi influenciada desde o início a pensar de maneira antirracista e a se entender mais enquanto mulher negra. Lá conheceu o trabalho de pensadores como Angela Davis, Martin Luther King e Malcolm X.
Ela formou-se, em 2003, em Inglês e Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e em Jornalismo, em 2008, pela Universidade Estadual da Carolina do Norte. Em 2010, ela obteve seu mestrado em Relações Étnico-Raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ).
Em 2021 organizou, ao lado de Ana Carolina Lourenço, o livro A Radical Imaginação Política das Mulheres Negras, uma coletânea de escritos políticos de mulheres negras como Lélia Gonzalez, Leci Brandão e Erica Malunguinho. Resgatando sua formação como jornalista, Anielle começou um programa de entrevistas no Youtube, o Papo Franco. O programa apresenta pautas diversas, conversas descontraídas e convidados especiais todas as semanas.
Anielle foi uma dos quatro brasileiros selecionados para nova edição do programa de fortalecimento de lideranças globais, o Ford Global Fellow, da Fundação Ford, para uma bolsa que visa conectar e apoiar a próxima geração de líderes mundiais.
Eliana Saraiva, com informações do Ministério de Igualdade Racial

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