Minhocão de São Paulo faz 50 anos e ganha galeria de arte urbana

Mercedes protesta após Verstappen derrotar Hamilton na Fórmula 1
13 de dezembro de 2021
STF determina exigência de comprovante de vacina para entrar no país
13 de dezembro de 2021
Exibir todos

Minhocão de São Paulo faz 50 anos e ganha galeria de arte urbana

São Paulo - João Doria sanciona criação do Parque Municipal do Minhocão, que prevê desativação gradativa do Elevado João Goulart para carros e a utilização exclusivamente como área de lazer (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Trabalhos foram feitos nas paredes laterais dos prédios

O “Minhocão”, uma das principais vias de acesso da capital paulista é via com 3,6 quilômetros (km) de extensão, feita de concreto e asfalto, encravada na região central da cidade de São Paulo. Neste ano, a obra completou, sem festas, meio século de existência e se tornou uma galeria de artes a céus aberto , reunindo  arte urbana, dando vida a uma região decadente e cinza da capital paulista. A ação possibilita ao paulistano ver o elevado de concreto com outros olhos.

A presença do Minhocão na vida da maior cidade do país nunca foi amistosa ao longo do tempo. A ideia de desativar o Elevado João Goulart para o tráfego é uma decisão já amplamente discutida, mas, ultimamente, em vez de derrubar o elevado, agora já se admite transformar toda a área num imenso boulevard, com jardins, e suas pistas passarem a ser ocupadas por pedestres, ciclistas, por feiras de artesanato e pequenos pontos de conveniência. Os carros darão espaço ao indivíduo para fazer do espaço uma grande área de lazer e de difusão cultural.

Recentemente, os edifícios que já existiam ao longo do trajeto, antes mesmo da construção, passaram a abrigar imensas obras de arte urbana. Os trabalhos foram feitos nas paredes laterais dos prédios. São trabalhos quase da mesma altura dos próprios edifícios. 

O local permite a contemplação de  42 pinturas como se estivesse em um museu aberto. “É como se o paulistano tivesse ganhado, durante a pandemia, uma galeria de arte ao ar livre”, disse o professor de cursinho universitário Vinicius Costa, que sempre passou pelo Minhocão para ir ao emprego e retornar para casa.

São trabalhos multicoloridos, assinados por artistas como Kobra, @nosartivistas, Tek e Sapatintas. “É a redescoberta de uma parte da cidade que tinha sido abandonada após o surgimento do Elevado”, afirmou Costa.

História

O Minhocão foi construído no início da década de 1970 para dar vazão ao crescente aumento do tráfego de veículos na capital paulista, reduzindo os congestionamentos nas ruas centrais de São Paulo.

A via aérea não conseguiu acabar com os congestionamentos e teve um efeito colateral: provocou a rápida deterioração urbana da região próxima do Elevado e ao longo de toda a sua extensão, entre os bairros República, Santa Cecília e Barra Funda.

Os imóveis localizados no entorno sofreram grande desvalorização. Os moradores de classe média, que ali viviam nos anos 1960 e 1970, deixaram os edifícios, incomodados com o barulho dos veículos e com a poluição dos escapamentos. Vários prédios, ao longo do Elevado, são considerados tesouros de estilos arquitetônicos europeus, de uma época em que as construções eram feitas pelos imigrantes, principalmente os italianos.

Com a degradação da região, sob o Elevado, os espaços vazios passaram a ser ocupados por moradores de rua. No começo dos anos 1980, surgiu ali o embrião da “cracolândia”, que segue até hoje na área central de São Paulo.

Curiosidade

A escolha do Elevado foi cenário do filme “Ensaio sobre a cegueira”, de 2007, baseado em livro homônimo de José Saramago, dirigido por Fernando Meirelles e que teve atores de Hollywood importantes como Mark Ruffalo e Juliane Moore. No filme, as cenas no “Minhocão” mostram uma metrópole assolada por uma pandemia de cegueira. Meirelles afirmou na época que o Elevado era o ponto ideal para aquelas cenas fantasmagóricas.

Deixe uma resposta