Lucila Scavone da nome a biblioteca de gênero em Araraquara

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Lucila Scavone da nome a biblioteca de gênero em Araraquara

Local reúne mais de três mil livros. Lucila é professora aposentada da UNESP Araraquara e atualmente encontra-se na França, tratando de um diagnóstico de Alzheimer

O Dia Internacional da Mulher, 08 de março, foi escolhido para a inauguração da Biblioteca de Estudos de Gênero “Profª Drª Lucila Scavone”, na cidade de Araraquara-SP. O local reunirá um acervo doado pela própria Lucila, professora aposentada da Unesp, que atuou na Faculdade de Ciências e Letras do campus em Araraquara. O evento integra a abertura da programação do “Mês Elza Soares”, promovido pelo Centro de Referência da Mulher “Professora Heleieth Saffioti”. 

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lucila Scavone construiu uma importante carreira acadêmica no âmbito das Ciências Sociais e dos estudos das questões de gênero, dentro e fora do Brasil. Entre 1974 e 1980, participou ativamente do movimento feminista francês e das ações protagonizadas por brasileiras refugiadas em Paris, onde cursou grande parte de sua pós-graduação. A leitura dos intelectuais franceses da época foi fundamental na sua trajetória intelectual e pedagógica.

Segundo seus familiares — seu esposo, Alain Brugier, e suas filhas, Yana-Flora Scavone Brugier e Julie Scavone Brugier— a biblioteca começou a se formar nesse mesmo período. De volta ao Brasil, a docente sentiu a necessidade de acompanhar a literatura publicada sobre diversos temas envolvendo a condição feminina e os estudos de gênero. Com esse intuito, Lucila Scavone investiu ativamente na formação de um acervo pessoal, que chegou a batizar com o nome de sua primeira filha, Yana-Flora, e empregava uma arquivista para organizar os volumes.

A professora Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres e grande amiga de Lucila, foi responsável pela doação dos livros para a prefeitura de Araraquara, que tinha o projeto de criar uma biblioteca de estudos de gênero. A cidade também representa 30 anos da vida de Scavone, que fez sua carreira como docente em Feminismo e Ciências Sociais na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp.

O acervo somará aproximadamente 3.500 livros, dos quais 2.138 foram doados para o Centro de Referência da Mulher “Professora Heleieth Saffioti”, em 4 de março de 2020. O local é referência para mulheres vítimas de violência, prestando atendimento psicológico e acompanhando na rede de proteção e de justiça. 

Amanda Vizoná, Secretária Municipal de Direitos Humanos e Participação Popular, ex-aluna de Lucila, afirma que a biblioteca levará ao espaço uma maior acolhida, propiciando conhecimento com o vasto acervo nas áreas de teoria de gênero e de Sociologia, além de muita literatura.

Hoje, Lucila Scavone encontra-se em uma casa de repouso na França, tratando de um diagnóstico de Alzheimer. Os familiares da docente dizem estar muito orgulhosos com essa homenagem, que simbolicamente é uma prolongação do trabalho de professora e pesquisadora que ela desenvolveu em Araraquara. “A biblioteca é a sua memória, o alicerce da reflexão que guiou Lucila ao longo dos seus 30 anos de engajamento de ensino e de pesquisa sobre a condição feminina”, comentam. Amanda reforça que o legado do trabalho de Lucila é histórico e, agora, também fará parte da vida da mulher araraquarense que não teve o privilégio de frequentar suas aulas e o ambiente acadêmico. 

Imagem: Acervo Pessoal Redes Sociais 

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