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Docentes da UNESP Araraquara são agraciadas. A primeira edição do Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas teve 174 profissionais indicados e mais de 14 mil votos

A Secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, entregou nesta sexta-feira (11), Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas nas categorias Pesquisadora Sênior e Jovem Pesquisadora. Esta é a primeira edição do prêmio, instituído pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, que recebeu a indicação de 174 profissionais e mais de 14 mil votos. As vencedoras de cada categoria foram Maria Helena de Moura Neves e Mayara Condé Rocha Murça, que receberam uma placa da premiação e uma escultura.

“Essa proximidade com a ciência me fez lembrar da necessidade de manter a boa luta e abandonar a má briga. Educação e ciência andam juntas e quem promove briga acha que andam separadas. As mulheres que estão aqui tiveram que lutar muito, enfrentaram barreiras e foram além. Fiz questão que esse prêmio acontecesse para que ele virasse regra e não exceção. Agradeço Ester Sabino, que tem liderado essa caminhada do papel da mulher não só como cientista, mas também liderança”, afirmou Patrícia Ellen.

Para a imunologista Ester Sabino, a homenagem vem numa hora importante. “Num momento em que a ciência tem sido tão atacada, me sinto muito honrada com essa premiação que leva meu nome. Hoje é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Por que será que há tanta dificuldade para chegarmos em posições mais altas nesta área? Quando eu tinha 8 anos, eles premiavam os melhores alunos. Eu ganhei. No ano seguinte também. No quarto ano, comecei a errar para não ganhar. Achava que não era o meu lugar. Quando a gente percebe essa força invisível, tentamos mudar”, frisou Ester Sabino.

Vencedoras

Maria Helena de Moura Neves é Professora Emérita na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e licenciada em Letras. Atua na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na UNESP (Araraquara), coordena o Grupo de Pesquisa Gramática de usos do português do CNPq e é autora de vários livros na área, entre eles “A gramática do português revelada em textos”.

“Por que alguém que faz gramática é chamada de cientista se essa matéria sempre foi vista como algo que amarra, que prende, que dogmatiza e está alheio e até contrário à ciência? A linguagem é um sistema de regras e isso é científico. A primeira mensagem que desejo passar é que é possível ver ciência nas humanidades e línguas e, a segunda, que sempre temos de guardar a mensagem daqueles que nos conduziram até onde chegamos, no meu caso, o orientador do mestrado, que me direcionou para o caminho certo”, enfatiza a professora.

A capitão Engenheira PhD da Força Aérea Brasileira, Mayara Condé Rocha Murça, vencedora do prêmio Jovem Pesquisadora, desenvolveu projeto voltado ao gerenciamento do tráfego aéreo. Ela é graduada em Engenharia Civil-Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA (2011), com mestrado em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica e doutorado em Aeronáutica e Astronáutica pelo Massachusetts Institute of Technology (2018), também é chefe da Divisão de Engenharia Civil do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e coordenadora do Laboratório de Gerenciamento de Tráfego Aéreo. “É uma emoção muito grande participar desse evento hoje. Ações como essa trazem grande contribuição por valorizar a pesquisa no país, ainda mais para as mulheres. Agradeço também à Força Aérea e a essa rede de incentivo à educação no país”, disse Mayara Condé

Vanderlan Bolzani, Professora Titular do Instituto de Química da Unesp, Araraquara e Presidente da ACIESP, ressaltou que “a igualdade de gênero é essencial para o conhecimento. Sou uma paraibana, uma pau de arara que chegou nesse estado com 24 anos e com a bolsa da Fapesp debaixo do braço comecei a fazer minha carreira na USP. Nesse mundo polarizado e negacionista é uma honra estar nesse prêmio, com mulheres protagonistas da ciência e reconhecidas internacionalmente.”

De acordo com a Unesco, apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres. No Brasil, elas representam 54% dos doutorandos e publicam 70% dos artigos científicos do país, embora recebam apenas 24% das bolsas de produtividade. No Estado de São Paulo, de um total de mais de 40 mil pesquisadores institucionais, as mulheres representam 29,8%. O prêmio, combinado com outras ações do Governo, tem por objetivo inserir as mulheres nas posições de liderança da área da pesquisa.

Sobre a premiação

O Prêmio Ester Sabino foi instituído pelo Decreto Nº 65.965, de 24/08/2021 do governo do Estado de São Paulo para homenagear pesquisadoras que contribuem para o desenvolvimento científico no Estado de São Paulo. Anualmente, serão contempladas duas mulheres cientistas de destaque nas seguintes categorias:

Pesquisadora sênior: voltada a cientistas com idade acima de 35 anos, com carreira nacional e internacional consolidada e com contribuições relevantes para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado;

Jovem pesquisadora: direcionada para cientistas com idade até 35 anos, com relevante potencial científico.

Ester Sabino

A imunologista e professora universitária Ester Cedeira Sabino, que dá nome à premiação, integra um grupo de pesquisadores que teve destaque fundamental nesta pandemia, ao sequenciar, em 48 horas, o genoma do coronavírus, o que pesquisadores de outros países levam cerca de 15 dias para conseguir. A descoberta foi fundamental tanto para o diagnóstico da doença quanto para o desenvolvimento de vacinas e de respostas ao medicamento diante das mutações.

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