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Alguns modelos de drones podem fazer a aplicação de defensivos em até 16 hectares por hora, dependendo do tamanho do tanque onde a calda é colocada. As baterias duram entre 10 e 15 minutos, mas também carregam em tempo baixo
Setor agrícola ganha tecnologia para agilizar processo de aplicação de defensivos agrícolas para viabilizar a colheita. A pulverização de banana e café, por exemplo, antes aérea ou via solo, tem se beneficiado dos drones para pulverizar áreas nos Estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, o arroz tem puxado a fila entre as culturas de grãos que passam a enxergar nos drones uma solução de problemas antigos, como o amassamento das lavouras e a compactação de solo provocados pelos implementos agrícolas convencionais, como tratores e pulverizadores.
O uso de drones na agricultura tem aumentado nos últimos anos, como explica Moacir Kern, da Allcomp, empresa com sede em Porto Alegre representa da DJI, a maior fabricante de drones da China.
De acordo com Moacir, a utilização de drone teve início em 2018 com a DJI, empresa chinesa que detém mais de 80% do drones agrícolas. Eles vão se encaixar em algumas demandas específicas. “O drone é indicado, por exemplo, para quem tem áreas muito quebradas, áreas pequenas ou de difícil acesso para maquinários, ou áreas que o avião não consegue fazer uma boa cobertura. É uma opção também para quem não tem o maquinário agrícola para fazer as pulverizações ou quem com o sistema manual de aplicação”, explica.
Moacir destaca que o processo inicial se deu com as culturas de banana, tomate e café nas regiões de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. São culturas que hoje demandam bastante o serviço do drone. “Na verdade, quando o drone chegou, ele se adaptou muito bem ao terreno e ao tipo de sistema de aplicação por que são culturas que já estavam carentes dessa tecnologia (de aplicação) há muito tempo. O tomate, por exemplo, em boa parte, essa aplicação até hoje é feita manualmente”, menciona o profissional.
Milho e arroz
Moacir diz que os drones também estão ganhando espaço como uma solução complementar em áreas maiores, de cultivo de grãos. “Nas lavouras de arroz e no milho a gente está sendo demandado em situações onde o maquinário ainda não consegue fazer uma boa aplicação, não consegue por uma questão de dificuldade de acesso ou onde o avião ainda chega por uma questão de manobra. O drone está indo lá resolver esses problemas pontuais”, exemplifica.
Tecnologia inteligente
Alguns modelos de drones podem fazer a aplicação de defensivos em até 16 hectares por hora, dependendo do tamanho do tanque onde a calda é colocada. As baterias duram entre 10 e 15 minutos, mas também carregam em tempo baixo. Moacir explica que se o produtor tiver quatro ou cinco baterias, pode trabalhar o dia todo. Ele destaca que quando a bateria ou a calda está acabando, o drone volta ao local de origem para ser reabastecido. Depois, continua o trabalho exatamente de onde parou.
Para ele, o uso será cada vez mais frequente. “É uma tecnologia em ascensão, é uma tecnologia nova para nós, mas tem muito mercado pela frente. Estamos bastante otimistas porque a qualidade da aplicação é incomparável. Já fizemos todos os testes possíveis em parcerias, como cooperativas e outras instituições´. A performance frente aos implementos usuais é muito superior”, destaca.
Vale destacar que a pulverização por drones é um pouco mais cara. “Hoje eu chego numa lavoura e consigo gerar um mapa da área por meio de marcação de pontos e delimitar obstáculos; é possível mensurar distâncias de segurança em determinados locais e dizer para o drone a largura de aplicação que ele vai fazer, a altura que ele vai navegar da cultura e quantos litros ele vai fazer por hectare. Ele automaticamente faz esse voo com segurança”. Ainda de acordo com Moacir Kern, são diversas opções, com galões com capacidade para pulverizar entre 3 e 16 hectares em uma hora.
Depois de feita a aplicação, todo mapa gerado fica gravado e pode ser acessado em nuvem. Além disso, a máquina vai repetir o processo sem precisar novas calibragens. “É feito um mapeamento e esse mapeamento vai ficar gravado e vai para uma conta onde o produtor tem acesso. Em uma próxima aplicação ele faz o voo automaticamente”.
Multiuso
Drones podem ser recomendados para serem protagonistas ou coadjuvantes na aplicação de defensivos agrícolas no Brasil. De acordo com o profissional da Allcomp, “é uma tecnologia bem acessível, que não exige um conhecimento aprofundado”, pontua. “Ele pode ser um equipamento que tanto para o produtor ter como um apoio quanto para ser protagonista. Drones podem fazer área total, vai atender tanto aquele produtor pequeno que perde muito com o amassamento, para as áreas muito quebradas. Temos situações em que o produtor prefere não entrar com trator e pagar a aplicação com drone, ou seja, sobressai o custo benefício, ainda mais o valor do saco da soja de hoje, por exemplo. Outra situação é o produtor que tem 50 mil, 100 mil hectares e dentro dessa área ele tem mil que ele não faz por que o avião não chega. Tem demanda dos dois lados”, finaliza,