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De olho no vice: Indicado por Kassab para vice de Tarcísio, Felício Ramuth foi filiado ao PSDB por 28 anos

O ex-prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, indicado para o cargo de vice-governador na chapa do Republicanos pelo presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab — Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Ex-prefeito de São José dos Campos, Ramuth se filiou ao PSD com a promessa de ser o candidato da legenda ao governo paulista. Mas negociações de Kassab com o Republicanos alçaram o ex-tucano à condição de vice na chapa que pode substituir o PSDB em SP depois de quase 3 décadas

Indicado por Gilberto Kassab (PSD) para ser candidato a vice-governador de São Paulo na chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, de 53 anos, foi filiado ao PSDB por 28 anos e mudou de partido em 2022, de olho na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.

Ramuth governava São José, o sétimo maior colégio eleitoral do estado, desde 2016. Na última eleição municipal de 2020, conquistou 58% dos votos da cidade e cumpriria o segundo mandato até 2024.

Porém, em janeiro deste ano, a convite de Kassab, o ex-tucano se filiou ao PSD com a promessa de uma pré-candidatura ao governo de São Paulo, que chegou a ser lançada pela própria direção estadual do partido de Kassab, o PSD, em março.

A candidatura do PSD, entretanto, foi substituída pelo apoio a Tarcísio de Freitas, com o direito do partido ocupar a cadeira de vice da coligação no 1º turno.

Em entrevista ao g1, Ramuth afirmou que a migração de partido se deu também por divergências dele em relação ao ex-governador João Doria (PSDB) durante a pandemia.

“Apesar de eu não ser um negacionista, sempre defendi maior autonomia das cidades para tomar decisões durante a pandemia. As decisões estavam concentradas no Palácio dos Bandeirantes e os prefeitos não tinham muito o que fazer em relação às diretrizes estaduais. Isso gerou um desgaste que ficou mais evidente quando nós apoiamos o Eduardo Leite nas prévias presidenciais do PSDB. Fomos o único diretório municipal de São Paulo contra o Doria na Prévias”, declarou.

Ramuth diz que não ficou chateado de ter sido preterido como cabeça de chapa do PSD para ser vice de Tarcísio de Freitas, numa decisão que ele diz que “foi muito acertada” de Kassab, nas negociações com o Republicanos.

“Quando deixei a prefeitura, não tinha um projeto pessoal de poder. Meu objetivo era construir a boa política para o estado. E reconheço no Tarcísio a qualidade da boa gestão. Foi uma união programática. Tanto que meu coordenador de plano de governo, Marcelo Branco, foi incorporado à equipe do Afif, do Tarcísio, para prepararem o plano da chapa juntos”, declarou.

“O Kassab tem feito uma leitura muito apropriada da conjuntura política do estado e do país, ajudando a dar capilaridade e substância política no estado e no Brasil para o PSD”, completou.

Improbidade administrativa

O vice de Tarcísio é alvo de uma ação na Justiça por parte do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), onde é acusado de improbidade administrativa em três contratos fechados com a Prefeitura de Praia Grande (SP), entre 2014 e 2016, por uma empresa familiar dele e outra companhia que ele representava.

Na denúncia, os promotores afirmam que as empresas CSJ Sistemas e Direct Serviços Digitais participaram de três licitações para fornecer softwares à cidade litorânea sem participação de outras concorrentes.

A ausência de pelo menos três empresas no certame teria gerado um sobrepreço de até 125% em ao menos um dos contratos assinados com a Prefeitura de Praia Grande, segundo a promotoria.

Na ação, os promotores pedem a devolução de cerca de R$ 333 mil ao erário público, que é a soma dos valores dos três contratados firmados com as duas empresas.

O processo havia sido arquivado em 2020 pelo juiz Enoque Cartaxo de Souza, da comarca de Praia Grande. Porém, o Ministério Público recorreu e, no ano passado, a 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou reabertura da ação e retomada das investigações do MP-SP.

Ao g1, Felício Ramuth disse que a ação foi aberta em virtude da primeira eleição dele em São José dos Campos e não tem “nenhum fato que desabone a carreira política” dele.

“São contratos que dizem respeito à minha trajetória como empreendedor e não tem nenhuma ligação com a minha trajetória como político. Na eleição de 2016, quando eu concorria a primeira vez ao cargo de prefeito em São José e liderava as pesquisas, meus adversários do PT inventaram essa denúncia que já tinha sido arquivada”, declarou.

“Lamento a demora na Justiça em dar um veredito final sobre isso, uma vez que o TJ mandou reabrir o processo e remeteu de volta ao Ministério Público, que até agora não apresentou novas provas que sustentem a acusação. Tenho certeza que mais uma vez será uma denúncia arquivada”, completou.

Ações contra munícipes

Em busca feita do sistema do Tribunal de Justiça de São Paulo pela reportagem do g1 é possível encontrar diversas ações de reparação por danos morais que Ramuth moveu contra críticos da gestão dele em São José dos Campos nas redes sociais.

Parte das publicações alvo de processo por parte do ex-prefeito apresentam xingamentos pessoais, chamando o político de vagabundo, safado, “felixo”, entre outras ofensas e fake news.

“Os processos que movi são contra pessoas que extrapolaram o limite da crítica política da minha gestão, ofendendo a minha honra pessoal, espalhando notícias faltas ou usando a minha condição de deficiente físico estrábico para me atacar. Isso não admito de forma alguma”, declarou o candidato a vice do PSD.

Futuro governador?

Com a dianteira numérica de Tarcísio de Freitas nas pesquisas de 2º turno, Felício contou ao g1 que tem sido alvo de constantes comentários de que “é um político de sorte”, por ter feito a escolha certa de sair do PSDB e embarcar com antecedência na chapa bolsonarista que venceu o 1º turno da eleição com 42,32% dos votos válidos no estado.

Ele atribui, entretanto, a “sorte” a uma leitura certeira de Gilberto Kassab sobre a conjuntura política no estado.

“Eu sempre respondo na brincadeira que ‘quem não se movimenta, não recebe bola’. Mas o mérito é ter apostado numa forma nova de política que não a tradicional, de aliança com prefeitos, que não deu certo para o Rodrigo no 1º turno”, afirmou.

“Em agosto as pesquisas já indicavam que 35% dos paulistas se diziam dispostos a votar em um candidato indicado pelo presidente Bolsonaro. E a gente no PSD sabia que a candidatura Tarcísio tinha uma estrada segura a trilhar, bastava que ele se apresentasse como esse indicado do presidente. O desempenho pessoal do Tarcísio também foi fundamental para atingir a liderança no 1º turno e conquistar o restante dos votos”, declarou.

Nos últimos 28 anos, o estado de São Paulo foi governador por seis governadores do PSDB. Pelo menos quatro vezes, esses políticos deixaram o cargo para concorrer à Presidência da República, alçando os vices à condição de governador do estado.

É o caso dos ex-governadores Alberto Goldman (PSDB), Cláudio Lembo (DEM), Márcio França (PSB) e ao atual governante, Rodrigo Garcia (PSDB), que ocuparam os lugares de José Serra, Geraldo Alckmin (duas vezes) e João Doria, respectivamente.

Com uma possível vitória da chapa no 2º turno, analistas apontam que Tarcísio pode ser alçado à presidenciável do campo bolsonarista daqui quatro anos, caso faça uma gestão sem grandes sobressaltos e escândalos no estado.

Porém, Felício Ramuth diz que não pensa no futuro e chama de ‘erro político’ antecipar o futuro.

“Antecipar movimentos políticos futuros é o principal erro dos políticos tradicionais atualmente. Meu principal foco é fazer uma gestão criativa e correta. Apresentar novas soluções para problemas antigos do estado. Nesses últimos anos, o PSDB apresentava soluções velhas para problemas antigos. Já me dou por satisfeito em ajuda eventualmente o Tarcísio a mudar essa lógica”, desconversou o ex-tucano.

Fonte: G1

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