Com ícones comunistas, cerveja mineira quer conquistar público de esquerda

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Com ícones comunistas, cerveja mineira quer conquistar público de esquerda

Para cada sabor, uma homenagem a nomes que deram força ao comunismo e à movimentos sociais. 

Sediada em Juiz de Fora, a pequena Soviet conta com um portifólio de sete marcas de cerveja que remetem a pessoas e fatos marcantes do comunismo ou de movimentos sociais: Lenin (líder da Revolução Soviética), Rosa Luxemburgo (nome da filósofa e economista marxista polaco-alemã), Marighella (o mais famoso guerrilheiro do período da ditadura militar), Maria Felipa (pescadora baiana que teria participado da luta pela independência da Bahia), Revolução de Canudos, Gandhi (líder político indiano), 1947 (homenagem à independência da India) e Guerrilha do Araguaia.

A ideia de explorar esse nicho nasceu em 2019, por meio de Demócrito Albuquerque, 23 anos, filho de pais militantes do PCdoB. Ele se uniu a outros três sócios, Marcos, Alexandre e Thiago, todos de esquerda. A primeira cerveja lançada foi a Lenin. “Fizemos a avaliação de que faltavam marcas que representassem a esquerda; que não tivesse medo de levantar bandeira, de lutar por sua causa, de se posicionar”, explicou Demócrito.  

Os sócios encaram como missão fazer propaganda comunista. Querem levar datas e nomes históricos de volta ao público e fazer as pessoas de esquerda se posicionarem. Outra missão é colaborar para a mudança social. “Do nosso faturamento, 5% são destinados a ações comunitárias, como a brigada de incêndio do parque estadual de Ibitipoca ou uma biblioteca comunitária, infantil, em Paraty”, diz o criador da Soviet. 

Mas a preocupação política e social não atrapalha o objetivo de tentar fazer uma cerveja saborosa, que combina com cada nome de batismo.

A cerveja Guerrilha do Araguaia, por exemplo, remete ao pedaço de terra escolhido para cativar ribeirinhos à luta e preparar a revolta contra a Ditadura Militar no Brasil e levou aos trabalhadores e camponeses educação e saúde. Daí nascia a Guerrilha do Araguaia e a luta contra um dos períodos mais sombrios da história. “Prestamos nossa homenagem com uma cerveja refrescante de cor dourada que tem da região uma grande inspiração: a mandioca, produzida por uma comunidade quilombola”, salientam os sócios. 

A cerveja Marighella, segundo os idealizadores da marca, é descrita como uma homenagem ao guerrilheiro baiano. “E foi da Bahia, sua terra natal, que veio a inspiração para essa Witbier: coentro, laranja bahia e limão estão na composição dessa cerveja super refrescante, para você celebrar mais um dia de luta”. 

A concepção da pioneira Lenin mistura ideias revolucionárias com uma tentativa de surpreender o paladar. “‘Paz, terra e pão’. Os três pilares das Teses de Abril, formuladas pelo grande Vladimir Lênin, são a inspiração desta cerveja do tipo Bitter”, informa a cervejaria. “Refrescante, possui notas de pão tostado e toque terroso. Uma companheira à altura de uma grande revolução”.

Os donos da Soviet garantem que nas redes sociais recebem muito mais elogios que ataques da direita. A Soviet também recebe críticas vindas da esquerda, daqueles que acham inadequado misturar ícones comunistas em uma iniciativa que visa o lucro. “Estamos inseridos em um mundo de economia capitalista, mas defendemos o consumo consciente, sustentável, e a mudança social a partir da renda que a gente gera. Afinal, comunismo não é voto de pobreza”, explica Demócrito. Além disso, ele diz que a empresa não utiliza técnicas de mercado que estigmatizem e oprimam o trabalhador. “Nossa história não pode ser esquecida e é por isso que a Soviet crê no lançamento de cervejas para conscientizar, e não alienar”, finaliza ele. 

Legenda de Foto 1: Cervejas do catálogo da Soviet- Foto Divulgação da Empresa 

Legenda de Foto 2: Sócios da Soviet: Demócrito Albuquerque, Marcos Miranda, Alexandre Vaz, Thiago Valério -Foto- Divulgação da Empresa 

Jornalista Lucas Marcelino
Jornalista Lucas Marcelino
Jornalista MTB: 0081473/SP

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