Alckmin oficializa filiação ao PSB e exalta Lula: ‘Representa a própria democracia’

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Alckmin oficializa filiação ao PSB e exalta Lula: ‘Representa a própria democracia’

Filiação de Geraldo Alckmin no partido PSB. Foto: Cristia

Em Brasília, ex-tucano exalta o ex-adversário político, relembra disputa de 2006, mas diz que nunca houve ameaça à democracia

BRASÍLIA — O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin exaltou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em evento de filiação ao PSB, nesta quarta-feira em Brasília. Político alinhado à centro-direita, o ex-tucano afirmou que o petista, seu antigo adversário político, “representa a própria democracia”. Alckmin, cotado para ser o vice na chapa de Lula em outubro, terá a missão de ampliar o alcance da candidatura do ex-presidente.

— O presidente Lula é hoje o que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Ele representa a própria democracia porque ele é filho da democracia — discursou Alckmin. Lula não compareceu à filiação, e foi representado pela presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann.

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Incentivado a ser vice da chapa presidencial, o ex-tucano será importante, segundo aliados de Lula, para conquistar eleitores de centro e setores econômicos ainda relutantes ao retorno do PT ao poder.

A entrada de Alckmin na disputa eleitoral também serve ao propósito de Lula de tentar ocupar o vácuo político ainda não preenchido na chamada terceira via, de eleitores de centro.

Ainda em seu discurso, o novo pessebista também frisou que é preciso “ter coragem “para fazer política”, a mais difícil das atividades humanas”. O ex-governador disse que o momento é crucial para enfrentar a violência e a miséria. Ao citar discurso de Mário Covas, fundador do PSDB, também argumentou que é preciso ter “lealdade aos destinos do país”.

— A política é a arte do bem comum. A mais difícil das atividades humanas, e no mundo inteiro. E exige coragem. Chesterton (jornalista e dramaturgo) dizia que a coragem é a primeira das virtudes, porque sem ela, diante do perigo, todas as demais desaparecem.

O ex-governador Geraldo Alckmin se filia ao PSB 23/03/2022 Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

Ao criticar Jair Bolsonaro, o novo integrante do PSB afirmou que a mentira “é o que há de pior para o regime democrático”. Ele também fez referência a manifestações antidemocráticas de apoiadores do presidente.

— Aqueles que ameaçam o parlamento estão ameaçando a democracia. Aqueles que ameaçam o Supremo Tribunal Federal ameaçam a democracia.

Críticas a Bolsonaro

Primeiro a discursar durante o evento, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, ressaltou a necessidade de a oposição a Jair Bolsonaro ampliar o leque de apoios durante o pleito.

— Não se trata de uma disputa entre esquerda e direita. Será entre a democracia e o arbítrio — disse Siqueira, que mais de uma vez fez referência a Jair Bolsonaro:  — Essa anomalia (governo Bolsonaro) precisa ser encerrada.

Adversário histórico do PT em São Paulo e em disputas nacionais, Alckmin ainda é recebido com relutância por correntes do petismo. Nesta quarta-feira, porém, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, fez mais um sinal de aproximação.

Ao lado dos líderes do PT da Câmara e do Senado, Gleisi fez um breve discurso em que ressaltou a importância do ato de filiação. Segundo ela, “nunca foi tão necessário juntar forças”. A presidente do PT fez questão de lembrar que o PSB apoiou os dois governos Lula.

— Nós estivemos juntos e juntos fizemos História. E faremos juntos novamente.

Como informou O GLOBO, a avaliação de Lula é que uma aparição pública ao lado de Alckmin poderia provocar embaraço, já que a indicação do ex-governador para vice da chapa não passou ainda pelas instâncias partidárias. O lançamento da pré-candidatura de Lula deve ocorrer no dia 30 de abril, em São Paulo.

Nas próximas semanas, o PSB deve formalizar a indicação de Alckmin para vice da chapa do petista. Depois disso, o PT deve marcar um encontro nacional com delegados para aprovar a escolha.

Nesta quarta-feira, além de Alckmin, foram filiados o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão; o senador Dario Berger; e os deputados Pedro Tobias e Floriano Pezaro; além de outras pessoas sem mandato.

Um dos articuladores da filiação, o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) ressaltou a importância da união para derrotar Bolsonaro.

— Há só um lado. O lado da democracia. E é para este lado que os senhores estão vindo.

Sem consenso para a formação de uma federação entre PT e PSB, que obrigaria a união das legendas por quatro anos, os socialistas se concentram neste momento em reverter as saídas de deputados. A sigla deve ser uma das maiores afetadas até o fim da janela partidária. 

Ainda assim, os socialistas já confirmaram publicamente que farão parte da frente de partidos de esquerda na coligação de Lula. Alckmin, por sua vez, será o símbolo principal dessa união.

No PT, correntes de esquerda e dois ex-presidentes nacionais do partido, Rui Falcão e José Genoino, têm se manifestado contra a indicação do ex-tucano para vice na chapa. Mas a expectativa é que a opinião de Lula prevaleça. O ex-presidente tem afirmado, em conversas, que caberá a ele indicar o seu vice, já que o posto é de extrema confiança.

Após o processo de escolha de Alckmin ser resolvido no PT, Lula passará a envolver o tucano em discussões sobre o programa de governo que será apresentado ao país. O ex-presidente enfatiza ainda que o ex-governador, que deixou o PSDB após 33 anos na legenda, não será um vice decorativo e participará ativamente, tanto da campanha como de um eventual governo.

A aproximação de Alckmin com Lula gerou reação do ex-afilhado político e atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ao ser questionado em coletiva à imprensa se estava arrependido de ter isolado Alckmin no PSDB — o que levou o ex-governador a deixar a sigla — Doria devolveu a pergunta com uma provocação:

— Quem deve ter arrependimento é o Geraldo Alckmin. Depois de 33 anos quem abandonou o PSDB foi ele. Portanto, cabe a pergunta: Geraldo Alckmin, você não está arrependido? Depois de ter sido fundador do PSDB, partido que combateu a corrupção nos 13 anos de lulismo no governo, partido que o senhor criticou inúmeras vezes em debates, em manifestações, em artigos. E agora o senhor de associa a Lula e aceita a fazer parte de uma chapa como vice-presidente?! — disse Doria.

Procurado, o presidente do PSDB nacional, Bruno Araújo, não quis comentar o assunto. No mês passado, Araújo disse ao GLOBO que Alckmin ser vice de Lula seria o ato de maior incoerência política na história do país.

Fonte: O GLOBO

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