A degradação da área central de Sampa não vem de hoje. É a força da grana a destruir mais do que erguer coisas belas.
Todavia, o fenômeno das cenas de uso de substâncias psicoativas a céu aberto tem contribuído sobremodo para a gradativa morte de uma pujante cidade.
Já se disse algures: morrem as cidades; fenecemos junto com elas.
Que ações de responsabilidade compartilhada [governo municipal, estadual e federal, sempre com o imprescindível apoio da sociedade em geral, Poder Judiciário, MP, Defensoria, OAB, polícias e GMs] sejam concebidas de modo transdisciplinar: da legislação urbanístico-ambiental à área penal, passando, é claro, pela saúde pública.
E sempre com um norte cristalino: a defesa do nascituro, da criança, do adolescente e do jovem.
Como convém a qualquer Estado Democrático de Direito.
Os pequenos humanos é que são os grandes titulares dos históricos e consagrados direitos humanos.
A esses seja dada a prioridade absoluta, conferindo-lhes potestativo “direito à cidade saudável” – com espaços públicos seguros, livres do assédio mercadológico do álcool, da nicotina ou de outras drogas.
Prioridade absoluta: o que vem antes [prior] de qualquer outra construção jurídica.
Entretanto, essas comezinhas lições não são tão destacadas quanto deveriam.
Há, pois, defensores do PL [projeto de lei] 399/15 e seus pirulitos de THC, da legalização da cocaína, do Fentanyl na balada, e por aí vai… Bem-intencionados; mas com bússola ou GPS desregulados.
Por que não aprender com os equívocos alheios e navegar por águas mais seguras, sem o canto da sereia narcocapitalista?
Em NYC, no cenário pós-legalização do THC, segundo Michael Bloomberg (1) , há 1500 pontos de venda ilegais de produtos à base de Cannabis – que lucram já na casa dos bilhões de dólares.
E ao lado do ganho inescrupuloso de alguns, há o aumento de violência relacionada ao álcool e outras drogas nas escolas públicas; afora milhares de casos de contaminação e intoxicação de crianças com THC.
São as “comidinhas” [edibles] bem chamativas – que entregam, além da droga em si, bactérias “do mal” e… metais pesados!
Prossegue Bloomberg: é tão fácil comprar THC em NYC quanto uma fatia de 🍕 (pizza).
Lembrando que se aprovado o PL 399/15, o THC poderá sim ser ingrediente “funcional” da massa das redondas.
Na terra na qual se costuma dizer que “tudo acaba em pizza” pode ocorrer algo ainda mais pernicioso.
Acabar-se em droga na pizza – destemperando cérebros em neurodesenvolvimento e perdendo o ponto da virada para o futuro da nação.