70% da obesidade é genética; nova medicação para tratar a doença se mostra promissora

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70% da obesidade é genética; nova medicação para tratar a doença se mostra promissora

Atlas Mundial da Obesidade 2023 aponta que para o Brasil, a estimativa é de que 41% dos adultos terão obesidade em 2035

“A obesidade não está relacionada apenas a um comportamento. Ela é uma doença, um distúrbio metabólico, genético, que pode ser influenciado por fatores comportamentais e ambientais”. O parecer foi emitido por Flavio Cadegiani, doutor em endocrinologia clínica. Ele explica que a obesidade está relacionada à disfunção do tecido adiposo.
Cadegini , em seus estudos, informa que a célula de gordura ,quando aumenta de volume , quando ela hipertrofia, ela aumenta a produção de produtos inflamatórios que inflamam o corpo inteiro, além disso quanto maior o volume da célula de gordura, mais ela atrai macrófagos (células imunológicas) que por si vão produzir ainda mais fatores inflamatórios.
Segundo o endocrinologista, atualmente o conceito de obesidade é centrado na disfunção do tecido adiposo que é o tecido de gordura.
Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia revelam que a genética é responsável em 70% para o desenvolvimento da obesidade. Entretanto, segundo Cadegiani, já existe uma nova medicação para tratar obesidade e sobrepeso, vista por cientistas como promissora, por apresentar resultados melhores que os remédios existentes no mercado, a chamada Retatrutida.
Ele esclarece que o medicamento ainda está em desenvolvimento, mas já é o tratamento com maior eficácia já visto para obesidade. Ele defende que este é o primeiro medicamento que tem potencial de ter quase uma equivalência em relação à cirurgia bariátrica. O endocrinologista se mostra otimista com os trabalhos e revela que se as pesquisas forem promissoras, dentre 4 ou 5 anos o medicamento deve ser disponibilizado para uso em pacientes obesos.
No código genético humano, mais de 400 genes estão relacionados ao processo de alimentação e saciedade. Desde o metabolismo, apetite e distribuição corporal de gordura. No Brasil, um em cada 4 indivíduos maiores de 18 anos tem obesidade, o que corresponde a aproximadamente 41,2 milhões de pessoas. E mais da metade dos adultos apresenta excesso de peso 60,3%, o que representa 96 milhões de pessoas, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020. O público feminino tem maior prevalência (62,6%) do que o masculino (57,5%).
O último relatório do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, mostra que a frequência de adultos com excesso de peso variou entre 49,3% em São Luís e 64,4% em Porto Velho. As maiores frequências de excesso de peso foram observadas, entre homens, em Porto Velho (67,5%), João Pessoa (66,5%) e Manaus (65,2%) e, entre mulheres, em Manaus (61,8%), Porto Velho e Belém (61,0%). As menores frequências de excesso de peso, entre homens, ocorreram em Salvador (50,8%), São Luís (51,4%) e Vitória (55,8%) e, entre mulheres, em Palmas (45,0%), Teresina (46,4%) e São Luís (47,5%).
O Atlas Mundial da Obesidade 2023 revela um aumento na prevalência da obesidade em todo o mundo. Para o Brasil, a estimativa é de que 41% dos adultos terão obesidade em 2035. O crescimento anual da obesidade entre adultos é de 2,8%, enquanto na infância, a taxa atinge 4,4% ao ano até 2035. A projeção para 2035 é de que 1 em cada 4 pessoas conviverá com a doença. Isso representa mais da metade da população mundial, sinaliza a pesquisa.
Para o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Fábio Moura, é muito importante combater a obesidade de todas as formas, principalmente avançando em estudos de medicamentos que ajudem a reduzir os casos.
Moura explica que a obesidade é hoje uma das principais preocupações, uma vez que há um aumento exponencial do número de casos e com isso vai acontecer um aumento exponencial das doenças que decorrem da obesidade como a diabetes tipo 2, a doença hepática gordurosa não alcóolica, a apneia do sono, o aumento do risco de câncer, tudo isso vai aumentar com o aumento do número de casos de obesidade. Para tanto, é preciso muita atenção.
Cuidados e prevenção
Na opinião do endocrinologista, para tratar a obesidade é necessária uma mudança no estilo de vida do paciente. Ele explica que a prevenção é feita com alimentação saudável e uma rotina de atividade física, por exemplo.
Cadegini reforça que a atividade física bem feita é muito importante para a prevenção da obesidade. Ele salienta que as pessoas precisam manter uma atividade física bem feita e regular e uma boa alimentação. Não precisa ser rigoroso, mas é preciso manter o hábito de uma alimentação saudável, segurar carboidratos, açúcar.
O especialista conta que é preciso humanizar e individualizar o tratamento, pois cada paciente é um e se faz necessário levantar todos os pareceres psicológicos de cada individuo para que o resultado positivo seja alcançado.
Fonte: Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e Atlas Mundial da Obesidade 2023

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