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21 de fevereiro: dia do imigrante italiano

 

Em homenagem à primeira leva de italianos que desembarcaram no Brasil, em 1874 trazidos pelo navio La Sofia, o país celebra nesta segunda-feira , 21 , o Dia Nacional do Imigrante Italiano. A data, criada pela Lei Federal 11.687, é uma referência aos laços estabelecidos entre os dois países ao longo do tempo.

Atualmente, o Brasil abriga cerca de 30 milhões de descentes de italianos, quantidade que coloca o país no topo da lista de nações com a maior quantidade de pessoas que possuem alguma ligação com o país europeu. Esse número é resultado do enorme fluxo migratório que aconteceu entre os séculos 19 e 20 e que influenciou a cultura e os costumes brasileiros.

O Consul Geral da Itália em São Paulo, Filippo La Rosa, disse que representar seu país no Estado é motivo de orgulho pelo reconhecimento que os paulistas e brasileiros têm pelo movimento de imigração italiana. “Aqueles que chegaram aqui, no passado, adaptaram-se à sociedade e ofereceram à São Paulo seus valores e seu trabalho. Hoje, os italianos no Brasil contribuem por meio da ciência, do empreendedorismo e da produção acadêmica, somando ao desenvolvimento da maior miscigenação do mundo, que é São Paulo”, afirmou La Rosa. 

Movimento migratório

Com o fim da escravidão, o sistema produtivo brasileiro entrou em crise. No mesmo período, a Itália passava por um processo de unificação que teve reflexos econômicos, sociais e culturais. Nesse cenário, o país sul-americano precisava mobilizar trabalhadores livres para atuar nas lavouras de café, enquanto a nação europeia enfrentava problemas com a falta de postos de trabalho. Entre 1870 e 1930, vigorou no Brasil a imigração subvencionada pelo governo com o objetivo de estimular a vinda de estrangeiros. Nesse período, cerca de sete milhões de italianos deixaram sua terra de origem em busca de uma nova vida.

No início do século 20, por exemplo, os italianos chegaram a compor mais da metade dos estrangeiros na capital paulista, sendo o Estado de São Paulo o destino mais escolhido por eles.

Núcleos coloniais

Ao desembarcarem em terras paulistas, em geral no porto de Santos, muitos imigrantes partiram rumo às fazendas do interior para trabalhar nas plantações de café. Os que optavam por ficar na cidade podiam permanecer por algum tempo na Hospedaria dos Imigrantes e depois tinham a opção de ir morar nos núcleos coloniais. Esses núcleos eram como embriões de futuros bairros e cidades planejados, sendo parte deles destinados a estrangeiros. No Estado de São Paulo, entre 1885 e 1911, foram criados 25 núcleos coloniais em diversas regiões, sendo a boa parte implantada durante o governo de Carlos Botelho.

Em 1889, a Assembleia Provincial aprovou a Lei 101, que viabilizava o pagamento, do Estado às Câmaras Municipais e às empresas, pela fundação de núcleos coloniais. A norma estabelecia valores a que deveriam ser transferidos de acordo com os requisitos cumpridos e determinava ainda que a criação de bairros ou cidades nesse modelo deveria acontecer próximo a rios ou linhas de trem. Esse tipo de incentivo para os imigrantes fazia parte da política estadual e nacional de fomento à imigração, que perdurou por décadas.  

Além do custeio de passagens, alojamento e promessa de um posto de trabalho, os governos da época também acenavam aos imigrantes com disponibilização de lotes de terra, auxílio para a compra de telhas ou animais e aumento do prazo para quitação do terreno adquirido, por exemplo.

Alesp

A política de subsídios do governo paulista à vinda de imigrantes que pudessem contribuir com a produção cafeeira e com a indústria estadual contou com o apoio da Assembleia Legislativa. Em 1874, o Parlamento paulista permitiu que o governo da província de São Paulo ajudasse financeiramente a Associação Auxiliadora da Colonização e Imigração. De acordo com a Lei 44, seriam pagos 20 mil réis para cada imigrante maior de 10 anos e metade desse valor para os que tivessem menos que essa idade.

A norma estabelecia ainda que o pagamento deveria ocorrer quando os viajantes aportassem em Santos ou em qualquer porto do território estadual e que o benefício também poderia ser concedido aos fazendeiros que trouxessem imigrantes para trabalhar em suas lavouras.

Nos anos seguintes, outras leis com teor semelhante foram discutidas e votadas pela Assembleia Provincial. Em 1881, os deputados liberaram créditos para que o governo construísse uma casa para abrigar os imigrantes e regulamentaram o serviço público responsável pelo transporte, hospedagem e qualificação dos cidadãos europeus que chegavam a São Paulo.

No ano de promulgação da Lei Áurea, em 1888, uma proposta votada pelos parlamentares paulistas autorizou o governo a contratar a Sociedade Promotora de Imigração para que trouxesse 100 mil cidadãos europeus para o Estado. Em 1892, uma nova permissão foi concedida para a vinda de mais 40 mil pessoas. No ano seguinte o número saltou para mais 50 mil e em 1896 para outros 60 mil imigrantes. 

Criada dois anos antes pela elite paulista de produtores de café, a Sociedade Promotora de Imigração conseguiu introduzir mais de 260 mil estrangeiros no país durante os nove primeiros anos de atividade. Todas essas pessoas foram inicialmente alocadas em fazendas no Estado de São Paulo.

Em 1890, a população do Estado totalizava um milhão e 384 mil pessoas. Desse total, 75 mil tinham outra nacionalidade. Como reflexo da política de incentivo para a vinda de imigrantes e do desenvolvimento da indústria paulista, São Paulo chegaria à década de 30 do século passado com seis milhões e 429 mil habitantes. Nessa época, o número de estrangeiro saltou para 931 mil pessoas.

Com o passar do tempo, os imigrantes italianos perceberam que o retorno financeiro nas lavouras de café era lento e grande parte deles dirigiram-se às cidades, principalmente à capital paulista, e passaram a atuar nas fábricas e em atividades de serviços urbanos.

A cidade de São Paulo chegou a ser conhecida, no início de 1900, como cidade italiana porque 90% dos trabalhadores de fábricas paulistas tinham algum vínculo com a Itália. Esse movimento de êxodo rural fez com o Estado deixasse de estimular a vinda de pessoas de outros países, motivo pelo qual o Legislativo paulista voltou a atenção para a análise de outros assuntos mais importantes e urgentes.

O Portal Matão Informa cumprimenta todos os descendentes de Italianos que escolheram Matão como sua terra Pátria. A Praça da Abolição registra em sua extensão a homenagem as cem primeiras famílias que fixaram residência no município. 

*Com Informações do Circulo Italiano

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